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Festivais

Memória e Patrimônio Cultural

É perceptível a existência de conflitos acerca da conceituação do que é Patrimônio Cultural. Mesmo assim, todos que fazem parte de uma determinada comunidade, convivem territorialmente com algum bem cultural e têm suas definições e noções, ou não, do que é ou o que representa.

Em tempos atuais, os quais devemos a cada momento buscar uma identidade aos meios sociais de convívio, a educação voltada à memória surge como sendo um viés para o fortalecimento da cultura, e identidade de quem somos e de quem podemos nos tornar consequentemente como viés de preservação do patrimônio cultural e suas implicações como “Patrimônio Imaterial”.

Assim, a sensibilização de populações sobre a sua história local e a importância de lugares e produtos de memória fazem com que estes conheçam e se reconheçam na própria história, fortalecendo e valorizando a memória cultural local e possibilitando aos cidadãos a compreensão do universo sociocultural e a trajetória histórico-temporal em que estão inseridos.


Patrimônio Cultural não constitui somente aqueles bens que se herdam dos nossos antepassados. São também os que se produzem no presente como expressão de cada geração, nosso “Patrimônio Vivo”: artesanatos, utilização de plantas como alimentos e remédios, formas de trabalhar, plantar, cultivar e colher, pescar, construir moradias, meios de transporte, culinária, folguedos, expressões artísticas e religiosas, jogos etc. (GRUNBERG, Evelina, 2007, p. 5)

Cidade dos Anjos - 2019

Como resultados, teremos cidadãos autônomos na tomada de decisões e na determinação do que é patrimônio cultural em um senso comum. Visto que a memória está entrelaçada junto ao patrimônio cultural e vice e versa.

Por conseguinte, surge o desejo de difusão, de busca por conhecimento e, quem sabe, de salvaguarda do Patrimônio Cultural local (usa-se o termo local como geral e comum a todos os festivais), por meio de ações educativo-culturais, fator onde entra/conecta-se os festivais. Para propagar a memória podemos atuar incitando o sentimento de pertencimento da comunidade, levando os cidadãos, principalmente estudantes, a manifestações culturais que surgem do povo da sociabilização, onde podem acontecer/vivenciar/experimentar visando o senso de pertencimento.

Cena Livre

Cena Livre --2019

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Santiago Encena - 2018

O legado oral de um povo diz muito mais do que grandes obras arquitetônicas que venham a ser erguidas, o saber do ancestral, o convívio dia a dia, a troca de memórias e vivências, são fatos perceptíveis como patrimônio cultural dentro do campo do patrimônio imaterial. As pessoas e suas verdades e fazeres em si são patrimônio imaterial mesmo que elas não tenham esta percepção de mundo. A memória e a palavra carregam o legado de um povo.

Dessa forma, “[...] nenhuma palavra, mesmo as conhecidas, como passado e história, têm seus sentidos (suas designações) rigidamente fixadas, de uma vez por todas‟; em vez disso, todas as palavras têm status de significantes vazios” (JENKINS, 2014, p. 53).

Há de se perceber que as memórias em acontecimentos culturais, marcam a mente e são propagadas através da palavra e da própria história das pessoas e da sociedade. O patrimônio não é só o legado que é herdado, mas o legado que, através de uma seleção consciente, um grupo significativo da população deseja legar ao futuro. Ou seja, existe uma escolha cultural subjacente à vontade de levar o patrimônio cultural a gerações futuras. E existe, também, uma noção de posse por parte de um determinado grupo relativamente ao legado que é coletivamente herdado. (SILVA, 2000) 

 

Somos movidos a sentimentos e trocas com o outro, nossa passagem pela terra carrega em si além de memórias fixas (livros, fotografias ou construções) memórias imateriais, advindas da troca com o outro da coletividade e muitas vezes de nossa própria individualidade. De acordo com Silva (2000), nossa memória coletiva modelada pelo passar do tempo não é mais de que uma viagem através da história, revisitada e materializada no presente pelo legado material, símbolos particulares que reforçam o sentimento coletivo de identidade e que alimenta no ser humano a reconfortante sensação de permanência no tempo. Mas, para que qualquer resultado no campo do patrimônio cultural, em especial no viés da memória, tenha resultados satisfatórios, há de se ter um olhar para o social e principalmente na base da sociedade, no fazer intrínseco das comunidades, assim buscar dar um significado às manifestações imateriais são o caminho de manutenção da história e memória de um povo.

Partindo do pressuposto de que somos movidos a emoções e memórias cabe aqui fazermos uma boa reflexão sobre o quanto os festivais de teatro em questão, se entranham no pensamento e vivências daqueles que formam as suas plateias ou até mesmo visualizam suas histórias através de fotos e vídeos. Estes sujeitos e momentos, ajudam a conformar esta identidade de patrimônio cultural imaterial advinda dos festivais de teatro e, neste sentido, este projeto surge como banco de memórias e de propagação destas lindas experiências.

Rosário Em Cena - 2017

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